Não sou um cara simpático!
- Júnior Figueiredo
- 15 de abr. de 2017
- 2 min de leitura

Não sou um cara simpático porque cansei de fingir. Deixei de rir quando não quero, de agradar quem não gosto, de falar o que não penso.
Quem quiser gostar de mim tem que ser do meu jeito. Não sei se é a crise pós-30, a maturidade ou a falta dela. 'Só sei que foi assim...'
E mais! Passei a desconfiar de quem se apresenta com muitas mãos. Nessas

ocasiões, sempre lembro do malandro Zeca Urubu. Muito cheio de papo, ele sempre insistia em vender uns feijões "mágicos" e um carro velho ao Pica-pau.
E por falar em malandro, não conheço um que não seja simpático. Chega logo pondo a mão no seu ombro e contando-lhe uma historinha. Quando não faz o tipo fanfarrão, adota o estilo politicamente correto. É um poço de humildade e generosidade, defensor dos fracos e oprimidos.
Cansei desses tipos! Acho que é por isso que hoje tenho mais dificuldades em fazer novas amizades. Não tenho mais paciência em "ser aceito", chaleirar os outros, fingir que sou super legal... Prefiro dois, três amigos 'sem frescura' que um milhão de mimimis.
Sinto-me mais comprometido comigo mesmo. Se quiser soltar um pensamento tosco ou um palavrão, que eles sejam livres para voar. Gosto de ser direto. Prefiro falar sem rodeios a ficar pesando se usei as tais palavras certas, nas horas certas, da maneira certa, com a pessoa certa.
Não que tenha me tornado um homem das cavernas. Procuro ser educado. Só meu nível de paciência que tem encurtado.
Será que estou ficando rabugento?
Caro amigo(a), se você me acompanhou até aqui, é bem provável que estejamos na mesma barca.
Aliviando para o nosso lado, prefiro chamar isso de seletividade. Esse estilo de vida é libertador, apesar de algumas crises de enxaqueca de vez em quando.
E foi justamente entre uma dor de cabeça e uma ressaca que descobri o grande segredo da vida. Ele não está na simpatia, mas sim na empatia. Essa última consiste simplesmente em se pôr no lugar do outro.
A empatia é verdadeira, algo que vem de dentro. Isto é, se você é legal com alguém não é para faze média, mas sim por que se identificou. E essa conexão é linda, é cristã, é real! Ela não é simplesmente um fingimento da simpatia, ela é orgânica.
Quando somos empáticos, somos também benevolentes. E se a partir daí brotar a simpatia não tem problema algum, porque veio de dentro para fora.
Para encerrar esse nosso papo, quero pegar emprestadas as palavras de um bêbado que certa vez encontrei num bar de São Luís.
Debatíamos sobre um conceito bem parecido com o de simpatia - o status. Não sei se ele copiou isto de algum lugar, mas disse uma pérola: ' Status é você comprar o que não quer, com o dinheiro que não tem, para agradar quem não gosta de você'.
Simpático, eu?